O cenário de Marketplaces e eCommerce: uma análise de 2019 (c/ infográfico)

As vendas online do varejo global foram estimadas perto dos 3.5 trilhões de dólares no fim de 2019. A influência majoritária dos marketplaces neste número é um dos fatores que o faz fator definitivo de mudança no universo eCommerce. No último ano, os Marketplaces aumentaram seu total de vendas online em 20%, chegando aos 2.1 trilhões de dólares, e agora são contabilizados como 60% da renda global de eCommerce. Ao falar de marketplaces, é impossível deixar a Amazon fora da discussão: os vendedores terceirizados da Amazon contabilizaram neste ano mais de 200 bilhões dólares vendidos em produtos. Um novo recorde.

Ao passar do tempo, o grande público descobre a imensidão de produtos e os pequenos preços oferecidos por marketplaces, especialmente aqueles liderados pela Amazon e grupo Alibaba. Toda esta dinâmica faz com que os varejistas no mundo se tornem mais agressivos e competitivos no mercado, e torna cabível o uso de estratégias como aumentar o número de categorias de produtos disponíveis com a ajuda de vendedores terceirizados, que são convidados para criar seu próprio negócio dentro da plataforma.

Com 2020 cada vez mais próximo, podemos observar o panorama atual do eCommerce dos Marketplaces ao redor do mundo, e assim saber o que esperar. Aqui, analisaremos a 10 maiores tendências que definiram o comércio digital em 2019. Pelo indiscutível desempenho da Amazon durante o ano, tornou-se a referência de nossos dados.

1) Crescimento do eCommerce Internacional

Ao observar cenário de eCommerce ao redor do mundo, não é muito difícil enxergar o porquê da parcela de vendas mundiais dos EUA estar diminuindo, advindo das vendas “sem fronteiras”.  Contudo, para depreender estatisticamente o quão brusca é essa queda, é necessário olhar diretamente para os números. Tendo um dia sendo a hegemonia do eCommerce, em 2020 os EUA dominarão apenas 17% do comércio global.

No dado ao lado, a Ásia, sobretudo na região do Pacífico, cresce imensamente – em uma previsão para 2023, as vendas de varejo digital na região são estimadas para serem maiores que a de todo o resto do mundo combinadas. Este crescimento imenso se deve a três fatores:           

  • Urbanização acelerada e avanços tecnológicos;
  • Mais de 85% dos recém-formados integrantes da classe média agora vivem na região;      
  • Iniciativas governamentais e privadas de apoio na China.

2) Vendas por terceiros continuam a ter sucesso

As vendas de elementos terceiros se tornaram um composto robusto da taxa anual de crescimento de 52% nas vendas desde 1999. Agora, este segmento lidera 60% das vendas totais da Amazon. Nas últimas duas décadas, a média de GMV (Gross Merchandise Value) para vendas gerais online (vendas primárias + terciárias) cresceu de 1,7 bilhão de dólares para 277 bilhões de dólares. No mesmo período, vendas primárias cresceram de 1,6 bilhão para 177 bilhões de dólares.

3) O FBA (Fullfilment by Amazon) continua a crescer

O FBA é funciona como um controle de operações de depósito para a Amazon por uma taxa, em troca de uma verificação Prime Checkmark. Atualmente, mais de 85% dos mais bem-sucedidos vendedores da Amazon do mercado norte-americano oferecem as entregas de nível Prime para mais de 50% de seus produtos. Lançado em 2006, este serviço se tornou um essencial elemento da plataforma. Esta estratégia é eficaz não só nos EUA, mas em um nível global: e tem sido um dos grandes núcleos de crescimento da Amazon. A grande maioria dos vendedores utiliza o FBA, ao passo que acelera consideravelmente o processo de entrega. Agora, o Fullfilment by Amazon tem se transformado à medida que a Amazon utiliza tem desejo que esse recurso se limite apenas ao gerenciamento de compras, e não armazenamento de produtos, que aumenta a complexidade para o vendedor.

4) O experimento chinês

Para a China, lojas de varejo na Amazon foram a mais efetiva plataforma de consumo direto que alcançou os mercados norte-americano e europeu. Atualmente, 42% de todos os vendedores ativos nos 16 centros de venda Amazon estão na China. Mesmo nos EUA, 36% dos vendedores da empresa são chineses. O sucesso desse modelo de negócios se deve muito ao FBA, que resultou em menores tempos de entrega e pôde prover uma maior assertividade de vendas. Mesmo com o maior dos esforços, a Amazon não conseguiu crescer na mesma intensidade que o mercado asiático. No cenário em que a penetração de mercado da China estava a 15%, os EUA alcançavam 1%. Esse é o motivo pelo qual optaram por se conectar com o mercado asiático.

5) Marcas descontentes com a Amazon

Mais de 75% das buscas na Amazon não estão atreladas às marcas, tornando as buscas genéricas parte majoritária. Por exemplo, a maioria dos usuários busca por “tênis de corrida masculinos” ou “sapatos para mulher”, ao invés de procurar por Puma ou Adidas. Se olharmos para as informações de palavra-chave, torna-se claro que o comportamento dos usuários da Amazon se alterou de buscas orientadas por marca para buscas orientadas por necessidades. Não se trata de uma ótima notícia para marcas, que investem milhões de dólares no conceito de marca que desaparecem em cenários como esse. Como um resultado dessas pesquisas, Amazon pôde crescer seus produtos AmazonBasics. Além disso, para tornar mais complexo o processo, qualquer vendedor pode definir seu produto como o da marca e aprovar seu anúncio como patrocinado em contraste às buscas orgânicas.

6) O AmazonBasics está crescendo

Enquanto em um lado as marcas enfrentam dificuldades para crescer, AmazonBasiscs tem vivido uma rota de crescimento em 2018 e 2019. O número bruto do produto de maior venda da AmazonBasics cresceu mais de 50% no ano. Amazon descobriu a ciência dos lançamentos contantes, demandando validação e descontinunado os produtos que falham.

7) As marcas privadas da Amazon

Uma outra área que a Amazon também não pôde alavancar foi a de suas marcas próprias. A única exceção acontece quando se usa o próprio nome na marca (como em AmazonBasics e Amazon Essentials). Centenas de marcas lançadas a milhares de produtos por eles não alcançou o resultado esperado pela empresa. Neste espaço é que vendedoras como a Target tem uma pequena vantagem sobre a Amazon, devido aos seus locais de venda. O caso é que um depósito limitado e um modelo de descoberta mais eficaz de venda à varejo funciona melhor para a introdução de novas marcas. Puramente, o modelo da Amazon é baseado majoritariamente em busca, com déficit na descoberta, o que dificulta o caso de marcas privadas.

8) O crescimento do comércio de redes sociais

Nas plataformas, a descoberta é sobreposta pela pelas empresas de eCommerce que se baseiam na busca, e negligenciam o recurso que pode ter muito a oferecer. Contudo, na atualidade, uma categoria distnta de eCommerce emergiu: e está diretamente atrelada às redes sociais. Trabalhar com comércio digital nas redes definitivamente coincide com o atual panorama em que pessoas se “encontram” para trocar e comprar produtos e serviços. Este caminho de venda, se aplicado de maneira correta, pode usurpar a hegemonia Amazon, já que combina comércio e descoberta em um só. Os muitos que tentaram adotar este modelo alcançaram uma melhor chance de executar utilizando o Instagram. Para produtos de vestuário e beleza, a rede social de fotos se tornou canal principal e dominante para a descoberta. Entretanto, existe uma fricção após a descoberta do produto, já que te obriga a ir para uma outra plataforma para realizar a compra. O mecanismo do Instagram para lutar contra este passo extra é o Checkout. Com essa ferramenta, potenciais compradores na rede podem efetuar a compra sem mesmo deixar a plataforma.

9) Todos buscam pelo lucro dos anúncios

Como a Amazon tem seu foco voltado às buscas, seus esforços têm sido concentrados em expandir o alcance e sofisticação dos anúncios de seus produtos. Foi uma das primeiras companhias a focar na performance do marketing. Produtos patrocinados e anúncios como resultados de busca foram uns dos responsáveis pelos gastos com propaganda. Marcas e varejistas direcionaram cerca de 9,85 bilhões de dólares na Amazon, representando um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. Em 2021, este dado é imaginado perto dos 17 bilhões de dólares, e contará como 10% do mercado de anúncios geral dos Estados Unidos.

10) Amazon B2B

Amazon B2B tem crescido de maneira silenciosa, e muitos a ignoraram por não haver uma espera como a de uma plataforma B2C. Contudo, o fato é que este segmento de comércio tem crescido mais rápido que as operações de varejo B2B lançadas em 2015: 1 bilhão de dólares em GMV (Gross Merchandise Volume) dentro de um ano e alcançou os 10 bilhões de dólares em 2018. A expectativa é que alcance cerca de 50 bilhões de dólares mundialmente em 2023.

Conclusão

Mesmo que existam desafios par a Amazon, e vão de contradições no seu modelo de escala, reviews falsas e vendedores fraudulentos, a companhia ainda cresce plenamente. De fato, o comércio norte-americano cresceu 17,3% no terceiro bimestre de 2019. Aparentemente, este foi o maior crescimento de mesmo período desde o quarto bimestre de 2011. Nos próximos anos, é possível que a Amazon deposite seus esforços em desenvolver mercados internacionais: e é lá que o crescimento mora. Os Marketplaces continuarão a crescer tanto nos EUA quanto em todos os outros lugares, já que há pouco havia poucos agentes, e hoje existem vendedores aos montes, em categorias cada vez mais de nicho.